Pense agora nos sonhos financeiros que você mais gostaria de realizar, é sobre eles que quero...
Você ainda confia no INSS?
O INSS é uma pirâmide financeira que você não deveria confiar e eu vou te explicar o porquê.
Para muitas pessoas a ideia da famosa aposentadoria refere-se a um afastamento remunerado do consultório, o clássico “não fazer nada e continuar recebendo o seu salário mês a mês”.
Este salário advindo dos longos anos de trabalho são pagos pelo INSS, que é uma autarquia do Governo Federal, responsável pelo pagamento da aposentadoria e de outros benefícios que funcionam como um seguro de vida público. Inclusive, todo brasileiro tem como obrigação contribuir mensalmente com o INSS.
Pode-se dizer que aposentadoria é o assunto do momento no Brasil, mas este assunto vem mascarado com alguns sinônimos como independência financeira, renda passiva, liberdade financeira e em “n” outras nomenclaturas utilizadas para falar sobre o mesmo.
E por que estamos vivendo um boom de informações sobre esta temática? Porque recentemente o funcionamento do INSS ficou mais claro para muitos brasileiros e isso será melhor explicado mais para frente.
Por que você deve se preocupar com este assunto se o INSS vai pagar sua aposentadoria?
Você sabe como funciona a previdência social no Brasil?
A maioria dos brasileiros acreditam que o INSS pega sua contribuição mensal e investe este dinheiro a fim de pagar sua aposentadoria no futuro. Infelizmente, os que acham que a previdência social funciona desta maneira estão errados.
Bom, se você é um(a) funcionário(a) público(a), a sua previdência funciona exatamente da maneira correta. Nós a chamamos de Regime Próprio de Previdência Social(RPPS) e todos os meses são recolhidos uma porcentagem dos seus ganhos e este valor é investido para você.
Agora, se você é um(a) mero(a) mortal como tantos outros trabalhadores de carteira assinada ou MEI, infelizmente não é bem assim a história.
O INSS, de fato, deveria fazer isso por você, mas o que ele faz todos os meses, é pegar parte do seu esforçado salário (para ser mais precisa o desconto do INSS varia entre 7% e 14%), e pagar os atuais aposentados, como seus pais, tios e avós.
Essa estratégia funcionou muito bem no passado porque, conforme observamos na Figura 1, a expectativa de vida era muito baixa, ou seja, as pessoas morriam até aproximadamente 40 anos. Além disso, os casais tinham muitos filhos, em torno de 10 cada um, então haviam muitas pessoas no mercado de trabalho pagando a aposentadoria de poucos idosos.
O problema é que esta “pirâmide” se inverteu e hoje temos uma expectativa de vida muito mais longínqua, de aproximadamente 80 anos conforme vemos na Figura 2.
A nova geração que está vindo não quer mais ter filhos e quando querem se limitam a no máximo um. Logo, temos e teremos poucas pessoas no mercado de trabalho pagando a aposentadoria de tantos. E é nesse momento que a pirâmide financeira da previdência social vira de ponta cabeça e a matemática para de funcionar, conforme vemos na Figura 3.
Figura 3 - Pirâmide invertida da previdência social
Recentemente tivemos uma reforma na nossa previdência social e foi muito desafiador para quem estava quase atingindo seu tão sonhado descanso, mas infelizmente esta reforma foi MUITO necessária pois a matemática ainda não fecha. Todos os anos o Governo Federal precisa injetar dinheiro na previdência e mesmo assim ainda não está sendo suficiente.
Muito provavelmente, ainda serão vistas novas reformas para que a geração 2000 consiga, um dia, também alcançar o tão sonhado descanso. Entretanto, ainda que seja fundamental, reformas como esta são extremamente anti populistas, então, dificilmente veremos políticos que gostariam de ser reeleitos aprovando medidas assim.
Independência financeira faz sentido para mim?
Por falar na geração 2000, temos aqui um exemplo de jovens que têm buscado cada vez mais a independência financeira para não precisarem depender da previdência social. Temos presenciado também uma grande movimentação de influencers de finanças, psicólogos especialistas em dinheiro e educadores financeiros empenhados em levar tal informação para todos os brasileiros. Mas será que isso faz sentido para você?
Antes de mais nada, independência financeira, liberdade financeira, renda passiva, etc, nada mais é que um patrimônio que você acumula e investe durante sua vida de trabalho para retirar dos rendimentos deste patrimônio o seu salário mensal futuramente.
Se você tem mais que 40 anos e é servidor(a) público(a) ou tem carteira assinada, TALVEZ, a independência financeira para você atue apenas como um complemento da renda da previdência social que você(muito provavelmente) irá receber. Mas se você tem menos que 40 anos e/ou é autônomo(a), a independência financeira é quase como um fator vital.
Digo isso porque se você chegar lá na frente, estiver com seu patrimônio montado e ainda assim conseguir receber seu salário do INSS, ótimo, você terá uma receita extra para usufruir da forma que bem entender, mas se você chegar lá e o INSS lhe disser que não consegue te pagar ou que você terá que esperar seus 80 anos para se aposentar, ao menos você já terá uma segunda opção engatilhada.
E é válido lembrar também que se você ganha mais de R$8mil por mês, você não receberá seu salário total lá na frente, visto que o INSS tem um teto que hoje é de R$7.507. Então, investir ao menos o valor complementar também será importante para que você não se frustre com a queda salarial na fase da vida que talvez você mais queira aproveitar.
Existem muitas pessoas infelizes que trabalham por obrigação e ficam ansiosas pela aposentadoria, como se ela fosse uma espécie de alforria. Por outro lado, também temos muitos que trabalham por prazer e alegam não se preocuparem com a aposentadoria porque querem trabalhar até morrer.
É válido refletir se de fato você quer e consegue trabalhar até morrer. Você conseguirá continuar com a mesma quantidade e qualidade durante o dia, ou a exaustão será tão grande que você não entregará o mesmo atendimento de antes? Dificilmente alguém consegue continuar trabalhando com o mesmo ritmo da juventude, na terceira idade, e se você ainda não tiver atingido a sua independência financeira, provavelmente terá problemas financeiros, visto que precisará diminuir a carga horária.
E algo que também é importante de se pensar é que ter sua independência financeira não implica em ter que parar de trabalhar, até porque acredito que quem pára de trabalhar começa a morrer aos poucos.
A independência financeira na verdade é um mecanismo de liberdade e de poder de escolha. Imagine-se podendo atender somente os clientes que você gosta ou trabalhar apenas duas vezes na semana ou fazer algum tipo de atendimento voluntário porque você tem a tranquilidade de saber que suas contas estão sendo pagas apenas com os rendimentos dos seus investimentos e você pode correr atrás de fazer apenas aquilo que te dá prazer. Gostoso, né? Isso sim é uma liberdade financeira.
Já que liberdade financeira é tão boa, por que as pessoas não a fazem?
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais(ANBIMA) todos os anos faz uma entrevista com a população brasileira para investigar qual é o perfil dos investidores do Brasil. Em 2022, mesmo com tanta tecnologia e informação, cerca de 55,5% dos entrevistados ainda pretendem contar com o INSS como fonte de renda na aposentadoria, como mostra a Figura 4.
Figura 4 - Fonte de renda na aposentadoria Raio X do Investidor 5ª edição
Ainda temos muita falta de informação sobre a temática no território brasileiro, especialmente quando se trata de pessoas carentes. Contudo, o motivo não é somente esse, temos fatores psicológicos envolvidos.
Durante muitos anos da história do ser humano, as pessoas lutavam para sobreviver dia após dia e a preocupação naquela época era no que eles iam comer, matar e fugir no dia, fazendo com que a perspectiva do futuro quase não existisse por ter tamanha preocupação com o presente. O “problema” é que o ser humano evoluiu e, assim como já conversamos, nossa expectativa de vida aumentou muito, especialmente com a ajuda da tecnologia.
“Acabamos chegando a um momento em que a longevidade vai se estendendo cada vez mais sem haver uma correspondente evolução na maneira de encararmos tudo isso, incluindo o futuro”, disse Vera Rita de Mello Ferreira, consultora e professora de psicologia econômica, educação financeira e arquitetura de escolhas e membro do NEC (Núcleo de Estudos Comportamentais) da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
No livro “Cabeça de investidor” da Vera Rita, ela relata vários vieses comportamentais que podem justificar nossa dificuldade de olhar para o futuro e não preparar nossa aposentadoria. Um desses vieses é o otimismo, no qual nós sempre acreditamos que lá na frente tudo vai dar certo, que nós conseguiremos dar um jeitinho e que algum parente talvez possa ajudar. Outro viés é o da aversão à perda, no qual as pessoas abrem mão de investir no futuro para “viver o hoje” já que não sabem se estarão vivos amanhã, ou seja, não vou perder o hoje(o certo) para poupar para o meu eu de amanhã(o incerto).
Para concluir, gostaria de sugerir dois livros para você ler que pode mudar o rumo da sua vida financeira. O primeiro se chama "Pai Rico, Pai Pobre" que vai abordar o poder de se criar ativos em vez de passivos e o segundo é o "Cabeça de investidor" que vai abordar seus vieses comportamentais, como citei anteriormente, diminuindo assim os efeitos emocionais das suas decisões financeiras.
No próximo texto do Blog dos Lumers vou te ensinar na prática como calcular a sua aposentadoria para você nunca mais depender do INSS, aguarde as cenas dos próximos capítulos.
E lembre-se: invista na sua própria aposentadoria e não deixe a sorte escolher se você vai conseguir aposentar ou não.
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